7 de out. de 2015

Cardiopatia em paciente infantil: farmacologia

A postagem de hoje tem como objetivo, esclarecer e abordar sobre as indicações farmacológicas para um paciente infantil cardiopata (4 anos de idade) necessitando de uma cirurgia bucal (extrações múltiplas).


Os pacientes cardiopatas apresentam alterações de origem congênita (por exemplo, comunicação interatrial e interventricular, defeitos do septo átrioventricular, anomalia de artérias coronárias), ou adquirida (envolve, dentre outras, hipertensão arterial, coronariopatias, arterosclerose, arritmias, cardiomiopatias, insuficiência cardíaca congestiva). Haddad, 2007


Uma a cada 100 crianças nascidas vivas, tem algum problema no coração, porém algumas só serão descobertas anos mais tarde. Site do Ministério da Saúde

Cardiopatia congênitas: 


Acianogênicas: São constituídas por malformações ligadas às comunicações das circulações sistêmica e pulmonar. 

Cianogênicas. A maioria das crianças apresentam baixa estatura, cansaço ao mínimo de esforço e infecções respiratórias recorrentes. Quando as crianças tem pouco oxigênio no sangue é chamado de cianóticas. Assunção, 2008


O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO AO PACIENTE CARDIOPATA 


Crianças cardiopatas geralmente apresentam problemas bucais, além de uma proporção maior as lesões de cárie não tratadas. 

No tratamento odontológico é importante considerar quatro riscos: cárie, endocardite infecciosa, hipoxia e sangramento. 

As bactérias, na maioria das vezes são proveniente da boca. Para evitar a endocardite, a criança deve manter uma saúde oral rigorosa com a conscientização da criança e dos cuidadores com o monitoramento periódico ao dentista. 

O uso da profilaxia antibiótica é uma precaução dos dentistas para não causar bacteremia.


Passo a passo

  • Realizar uma anamnese minuciosa, posteriormente assinado pelo responsável, atentando-se à presença de alterações cardiovasculares. Quando relatada uma cardiopatia, a história médica pregressa deve ser detalhada, incluindo dados sobre cirurgias cardíacas, uso de medicamentos, uso de próteses cardíacas, episódios de angina do peito e infarto do miocárdio. 
  • Solicitar exames complementares. 
  • Avaliar os sinais vitais, antes e após os procedimentos, em todas as consultas, registrando-os no prontuário odontológico.
  • Planejar o tratamento odontológico com consultas curtas e matutinas preferencialmente. 
  • Adotar o uso de protocolos de redução do estresse. prevenindo possíveis situações emergenciais, como angina do peito, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas (bradicardia sinusal e taquicardias ou palpitações) e crises hipertensivas arteriais. 
  • Utilizar, para minimizar o estresse, sedativos pré e trans-operatórios


  • A dose de 0,15 a 0,3 mg/kg de peso corpóreo, por via oral, produz efeitos ansiolíticos após 45 a 60 minutos da ingestão. 
  • Ajuda a diminuir a descarga endógena de epinefrina, contribuindo para o equilíbrio hemodinâmico durante o atendimento;
  • Possui grande margem de segurança clínica, pois a dose tóxica é 30-40 vezes maior do que a dose terapêutica.
  • A desvantagem do uso em crianças está relacionada à sua duração de ação (6-8 h), em virtude da atividade de seus metabólitos e do longo período de eliminação.
  • Usar o anestésico tópico para reduzir a sensaçao dolorosa da penetracao da agulha amenizando o estresse ao paciente. 

Anestesia local
  • Considerar, durante a escolha do anestésico local, o tipo de comprometimento cardiovascular do paciente. 
  • Anestésicos locais contendo a epinefrina e seus derivados como vasoconstritor devem ser utilizados em quantidade mínima — no máximo dois tubetes com concentração 1:100.00030, realizando-se aspiração negativa para certificar-se de que não haja injeção intravascular. 
  • Evitar, em pacientes com arritmias cardíacas, anestésicos contendo vasoconstritores do grupo das aminas simpatomiméticas (por exemplo, epinefrina, norepinefrina e levonordefrina). 
  • Recomenda-se, nestes casos, assim como para pacientes com histórico de infarto do miocárdio, a aplicação de anestésicos com o vasoconstritor felipressina, ou o uso de mepivacaína 3% sem vasoconstritor em procedimentos de curta duração;

Profilaxia antibiótica
  • Indicações (do paciente): 
Prótese valvar ou material protético para reparo de válvula cardíaca 
História de endocardite 
Cardiopatia congênita (CC): recomendada somente nas seguintes condições: 
  1. CC cianótica não corrigida, incluindo desvios paliativos 
  2. CC corrigida com material ou dispositivo protético colocado por cirurgia aberta ou cateterismo nos últimos 6 meses 
  3. CC corrigida com defeitos residuais no sítio ou adjacentes ao local da prótese (que inibe endotelização) 
  4. Transplante cardíaco com valvulopatia residual

  • Indicações (do procedimento odontológico): 

Todos procedimentos que envolvam a manipulação do tecido gengival ou região periapical ou perfuração da mucosa oral.

Às crianças incapazes de ingerir medicamento, indica-se a ampicilina ou ceftriaxone, ambos na dose de 50 mg/kg por via intramuscular ou endovenosa, 30 minutos antes do tratamento odontológico.
Em pacientes sensíveis à penicilina, deve ser utilizada a clindamicina (20 mg/kg VO ou IM), cefalexina (50 mg/kg), azitromicina (15 mg/kg) ou claritromicina (15 mg/kg)


Receituário

 Para: XXXXXX
 
 Rx;
 Dipirona Sódica gostas___500mg____1 frasco.
 
 Uso oral: Tomar 16 gotas, a cada 6(seis)horas por 3 dias.
 
 
 Lauro de Freitas, 12 de Junho de 2015

Colutórios

  • Colutórios, sem álcool, devem ser prescritos apenas para crianças maiores de 6 anos de idade, em casos selecionados 
  • Orientar a criança e seu acompanhante a dispensar a quantidade do colutório em um copo e bochechar por 1 minuto.  
  • Clorexidina: Para reduzir o biofilme após procedimentos periodontais, intervenções cirúrgicas, pacientes com atividade de cárie ou desmotivados. Utilizar por um período máximo de 2 semanas 
  • •Clorexidina a 0,12% para bochechos duas vezes ao dia – 10 mL 
  • • Clorexidina a 0,2% para bochechos duas vezes ao dia – 10 mL
  • Motivar o paciente a manter hábitos de higiene bucal satisfatórios e realizar retornos periódicos para evitar a instalação de infecção; 
  • Preparar-se para lidar com situações emergenciais quando atender pacientes cardiopatas. Desta forma, o kit de emergências no consultório odontológico deve conter vasodilatadores como nitroglicerina, anti-agregantes plaquetários como ácido acetilsalicílico 100 mg, e oxigênio;

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