Condições e Lesões cancerizáveis
Quando falamos em lesões e condições cancerizáveis
é necessário entendermos duas definições para poder difrerenciá-las.
LESÃO CANCERIZÁVEL
“um tecido benigno morfologicamente alterado no qual o câncer é
mais fácil de ocorrer do que em um tecido homólogo normal”.
CONDIÇÃO CANCERIZÁVEL
“é um estado generalizado associado a um risco
significativamente aumentado de desenvolver câncer ”.
O tabaco é um dos fatores de risco que favorecem a lesão e
condição cancerizável. Ela vai depender do tipo
de da quantidade sendo que o cigarro possui mais de 4.700 substâncias tóxicas
60 de ação carcinogênica. Os fumantes tem
mais predisposição ao câncer bucal do que os não fumantes.
Outro fator de
risco que contribui para as lesões cancerizáveis é a a ingestão de bebidas alcoólicas,
que por sua vez ajudam no risco de carcinoma de
boca, faringe, esôfago, laringe, fígado e pulmão. Vale ressaltar que o risco relativo de câncer
difere quanto ao tipo de bebida ingerida. O álcool atua como co-fator de
componentes do tabaco = efeito sinérgico.
Leucoplasia
A leucoplasia é
uma das lesões cancerizáveis mais freqüentes da cavidade bucal,
desenvolvendo-se em qualquer região sendo, o
assoalho de boca, faringe e o rebordo lateral de língua as áreas mais afetadas.
Uma lesão
leucoplásica normalmente está relacionada, em muitos casos, ao aumento da permeabilidade das células da mucosa aos agentes
carcinogênicos, devido ao efeito solubilizante do álcool (desidratação das
mucosas e ação
dos agentes carcinogênicos facilitada). Hábitos como tabagismo, quando associada à
etilismo, aumenta a probabilidade de tornar-se cancerizável, existindo casos de
lesões leucoplásicas que são consideradas idiopáticas , “sem origem aparente”.
A presença de substâncias carcinogênicas nas bebidas
alcoólicas (nitrosamina e hidrocarbonetos) e de metabólitos do etanol (aldeído)
que são responsáveis pela agressão célula e consequente diminuição dos
mecanismos locais de defesa.
Outros fatores
de risco:
MICRORGANISMOS
: Treponema pallidum; Papiloma vírus humano (HPV); Candida albicans;
IMUNOSSUPRESSÃO:
As células malignas recém-criadas não possam ser reconhecidas e destruídas; AIDS;
Uso de imunossupressores.
RADIAÇÃO:
Radiação X; Radiação ultravioleta (lábios); FENÓIS; Ácido fenoxiacéticos (CA
bucal, nasal e orofaringeo)
DEFICIÊNCIA
DE FERRO: Síndrome de Plummer-Vinson ou de Paterson-Kelly
DEFICIÊNCIA
VITAMINA A: Ceratinização excessiva da pele e mucosa
ONCOGENES
E GENES SUPRESSORES DE TUMOR
O diagnóstico da leucoplasia é
complexo sendo que seu aspecto clínico é semelhante a outras lesões com aspecto
de placas brancas que acometem o complexo estomatognático. Ao exame histológico existem
vários padrões de diferenciação das
leucoplasias, entretanto, o LÍQUEN PLANO, LEUCOEDEMA e a ESTOMATITE
NICOTÍNICA são as mais comumente observadas.
A leucoplasia ocorre mais frequentemente em homens, acima dos 40 anos,
sendo que a prevalência aumenta rapidamente com a idade.
Em lesões de pequena proporção em tamanho indica-se à biópsia
excisional, porém quando lesões maiores são observadas, normalmente realiza-se
a marcação e biópsia incisional para análise, antes de determinar tratamento
definitivo.
Podem ser divididas clinicamente conforme Classificação de AXÉLL et
al. (1996):
- Leucoplasia homogênea: lesão predominantemente branca, de superfície plana, fina, que pode exibir fendas superficiais com aspecto liso, enrugado, ou corrugado, e textura consistente;
- Leucoplasia não-homogênea: lesão predominantemente branca ou branco-avermelhada, que pode ter superfície irregular, nodular, ou exofítica
Eritroplasia
A eritroplasia é definida como “[...] uma placa vermelha que não pode
ser diagnosticada clínica ou patologicamente como qualquer outra condição”.
Essa lesão merece destaque, dentre aquelas com maior potencialn de malignização, como
a leucoplasia e a queilite actínica, por apresentar elevado percentual de
transformação maligna.
A eritroplasia possui etiologia considerada controversa, podendo
apresentar-se relacionada com a exposição a agentes carcinogênicos, como o tabaco
e o álcool, ou ocorrer de forma idiopática.
A eritroplasia constitui-se clinicamente como uma alteração eritematosa,
que pode apresentar-se plana ou como uma leve depressão na mucosa com
superfície lisa ou levemente granular. Localiza-se preferencialmente em
assoalho bucal, língua, palato duro e mole, e apresenta tamanho variado.
As lesões eritroplásicas podem
ser classificadas em:
homogênea – quando se apresenta vermelha,
plana e com bordas bem definidas;
associada – lesão clinicamente semelhante à
anterior, porém associada a áreas leucoplásicas. Essa forma também é conhecida
como eritroleucoplasia;
granular – lesão vermelha, ligeiramente
elevada, com bordas irregulares entremeadas por pontos leucoplásicos. Geralmente
são assintomáticas, porém há relatos pouco frequentes de pacientes que
apresentam ardência e queimação local.
Geralmente são assintomáticas, porém há relatos pouco
frequentes de pacientes que apresentam ardência e queimação local. O
diagnóstico diferencial deve incluir as dermatoses, condições inflamatórias por
infecção local e a estomatite pela presença de próteses dentárias.
Características histopatológicas: Displasia epitelial grave ou
Carcinoma in situ ou carcinoma de células escamosas. Epitélio com
ausência de ceratina (células imaturas), atrófico ou hiperplásico. Visualização
de microcirculação adjacente (tecido conjuntivo com inflamação crônica)
Tratamento:
Fonte de irritação removida (regressão da inflamação); biópsia; possibilidade
de recorrência .
Queilite Actínica
Uma das lesões
causadas pela radiação solar é a queilite actínica (QA), desordem
potencialmente maligna que afeta o vermelhão dos lábios (PISCASCIA; ROBINSON,
1987) sendo definida como uma condição degenerativa do epitélio de
revestimento, causada pela ação da radiação ultravioleta do sol sobre os lábios
(COLEMAN; NELSON, 1996). O fator etiológico mais
importante ligado à queilose actínica é a radiação solar (AYRES, 1923; JOLLY,
1976; CATALDO & DOKU, 1981; PICASCIA & ROBINSON, 1987; NEVILLE et al.,
1995; JITORMIRSKI, 1999 ). Além disso, a lesão geralmente acomete muito mais a
região do vermelhão do lábio inferior comparado ao lábio superior devido a uma
maior incidência direta de raios solares. Nos casos mais
avançados é comum o edema difuso do lábio e o apagamento do limite
dermatomucoso (LUNDEEN; LANGLAIS; TEREZHALMY, 1985).
A lesão é mais prevalente no sexo
masculino, numa razão homem-mulher de 10:1. Quanto à faixa etária, alguns
estudos sugeriam uma maior icidência em pessoas com idade superior a 45 anos.
Outros fatores etiológicos, como fumo, viroses e outras condições relacionadas
ao estado imunológico, fatores genéticos / familiais e estado sócio-econômico
têm sido também citados (WALDRON & SHAFER, 1975; CATALDO & DOKU, 1981;
NEVILLE et al., 1995; MOORE et al., 1999). Geralmente é assintomática, mas pode haver, com a descamação
persistente, sensação de secura, queimação, prurido e dor (CATALDO; DOKU,
1981).
Aspectos histológicos: Epitélio
escamoso estratificado atrófico com acentuada produção de ceratina. Graus variados de displasia epitelial e tecido conjuntivo faixa de alteração
basófila, acelular e amorfa.
Tratamento
e condutas terapêuticas: Uso de chapéus e protetor solar (FPS 50) em forma de
bastão; Corticoterapia Tópica – Fase aguda ; Biópsia incisional (areas
endurecidas, espessas, com ulceração ou leucoplasia); Vermelhectomia (casos graves sem
maliginidade) ; Laser ; Acompanhamento por longo período.
Liquen Plano
É uma
doença mucocutânea (que ocorre tanto na pele como em mucosa). Consiste em
uma inflamação crônica da mucosa oral sem causa conhecida. Quase 20% a 25% dos pacientes
com líquen cutâneo apresentam lesões orais que podem ocorrer antes que as
lesões de pele. Afeta mais as mulheres, principalmente com idade
superior a 40 anos. A sua patogênese
possui uma participação importante da imunidade celular com um potencial de
malignização discutível e apresenta multiplicidade de aspectos clínicos.
As lesões bucais são freqüentemente múltiplas, bilaterais, estriadas ou
como placas esbranquiçadas, ocasionalmente erodidas. Pode se apresentar de três
formas:
- Reticular: Mucosa jugal bilateral, borda lateral e dorso da língua, a gengiva o palato e o vermelhão do lábio; assintomatico; Linhas brancas que se entrelação , Estrias de Wickham
- Eritematoso ou atrófico: Sintomáticas; Áreas eritematosas atróficas, com graus variáveis de ulceração.
- Placa: Caracterizado por placas brancas de forma irregular podendo ser multifocais
O tipo mais comum é a forma reticular, caracterizada pela presença de
numerosas linhas ou estrias ceratóticas que se entrelaçam produzindo um padrão
redilhado. A área mais comumente envolvida é a mucosa jugal.
O eritematoso ou erosivo, apresenta-se geralmente na língua ou mucosa
jugal.
O líquen plano em forma de placa tende a assemelhar-se
clinicamente à leucoplasia, com distribuição multifocal. As placas variam
geralmente entre ligeiramente elevadas e lisas a levemente irregulares. A
localização principal desta variante é no dorso da língua e na bochecha.
Existe também uma forma mais rara de líquen plano que é a variante
bolhosa. As bolhas ou vesículas variam de alguns a vários centímetros
de diâmetro. Essas bolhas geralmente tem curta duração e, ao se romperem,
deixam uma superfície ulcerada e extremamente incômoda.
Estomatite nicotínica
Está
relacionado ao cigarro, está mais relacionado ao calor dos produtos do fumo do
que com as propriedades carcinogênicas, e às bebidas quentes (chimarrão).
(Neville, 2004). Segundo Regezzi, 2000 a combinação dos elementos
carcinogênicos do tabaco e o calor de sua queima intensificam-se pelo hábito de
fumar
invertido, comum em países como a Índia aumentando significativamente o
risco de conversão maligna.
Ocorre na mucosa palatina, a mucosa palatina torna-se difusamente cinza ou branca com pápulas levemente elevadas com centro vermelho pontilhado, pode haver áreas leucoplásicas no palato. A cor marrom ou negra pode estar presente nos dentes
Características
histológicas: Hiperceratose, acantose do epitélio, inflamação crônica focal, metaplasia
escamosa dos ductos excretórios
Fonte:
Ceratose do tabaco sem fumaça
A presença
de tabaco sem fumaça, tanto o aspirado quanto o mascado, na boca pode
resultar em alterações diretas da mucosa oral, o que ocorre em qualquer faixa
etária, incluindo a infância e adolescência. As lesões são tipicamente
encontradas no vestíbulo onde o tabaco fica depositado e podem-se estender
para a gengiva e mucosa jugal.
As
alterações apresentam-se com uma superfície rugosa que desaparece, quando é
distendida, uma superfície granular com ceratose branda ou um tecido com
grande espessamento, ceratose e fissuras bem-desenvolvidas.
A extensão
das alterações depende da suscetibilidade do hospedeiro, da forma e da
quantidade do tabaco, e de há quantos anos: consumido. A gengiva pode-se
apresentar inflamada e com retração.
Características clínicas : Perda indolor dos tecidos gengivais nas áreas de contato; Destruição da superfície
vestibular do osso alveolar; Placa fina, cinza ou cinza-esbranquiçada com
bordas que se misturam gradativamente com a mucosa normal; Presença de “bolsa
de rapé” .
Características histopatológicas: Epitélio escamoso hiperceratinizado
e acantótico; Formação de projeções de paraceratina; Aumento da vascularização
e subepitelial e vasos congestos.
Tratamento: Biópsias; Resultado
histopatológico; Ceratose não são tratadas; Após 6 semanas leucoplasia
verdadeira; carcinoma de células escamosas .
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