Lesoes associadas ao osso
É um aspecto normal da histologia do tecido ósseo ter a presença
de um pequeno número de osteoclastos e deposição óssea por osteoblastos alem de
conter a matriz óssea formada por células e um material calcificado. Qualquer alteração pode influenciar no
desequilíbrio osteoclastico-osteoblastico quanto a substituição do osso maduro
por tecido fibroso ou osso imaturo, ocasionando as lesões ósseas.
As lesões associadas ao osso geralmente são assintomáticas
com menos achados clínicos em seus diagnósticos.
Lesões inflamatórias
ósseas
Osteomielite - é um processo inflamatório que pode
ser agudo ou crônico com extensa área de infecção geralmente com maior
comprometimento ósseo.
A
doença pode ocorrer em qualquer idade, porem tem uma predominância no sexo
masculino (75%) e uma predileção pela mandíbula.
Pessoas com doenças crônicas
sistêmicas, doenças associadas a diminuição da vascularização, abuso do álcool
e drogas intravenosas, o uso do tabaco e em estados imunocomprometidos, possuem
predisposição a osteomielite.
Classifica-se em:
Osteomielite supurativa aguda
Decorrente de infecção dentária que se
dissemina pelos espaços medulares do osso e o tempo é insuficiente para
permitir a reação do corpo na presença de infiltrado inflamatório. No adulto, a
mandíbula é mais atingida que a maxila.
Deve-se deixar claro que agudização de
processos periapicais crônicos pode ser o elemento desencadeante da doença.
Assim, muitas de suas faces clinicas e histopatológicas não diferem das
encontradas em abscessos dentoalveolares agudos. Zegarelli e col. consideram
que para se caracterizar a osteomielite deve haver persistência da infecção por
um período de tempo relativamente grande, resistência ao tratamento e
progressivo envolvimento do osso.
Sinais
e sintomas : Febre, Leucocitose, Linfoadenopatias, Sensibilidade significativa
e Tumefação de tecidos moles
Características
Histopatológicas: Predominância de osso necrótico com perda de osteócitos e de
suas lacunas, além de observar reabsorção periférica, colonização bacteriana e
infiltrado inflamatório.
Tratamento
: Antibioticoterapia e drenagem
Osteomielite supurativa crônica
Existe
quando a resposta de defesa leva a produção do tecido de granulação, o qual
subsequentemente forma um tecido de cicatrização denso, na tentativa de isolar
a área infectada.
Sinais
e sintomas: Dor, tumefação, formação de fístula, drenagem purulenta, sequestros
ósseos , perda de unidades dentárias, fratura patológica
Características
Histopatológicas: Presença de tecido mole significativo, tecido conjuntivo
fibroso inflamado, preenchendo os espaço intratrabeculares do osso.
Tratamento:
Intervenção cirúrgica e Antibioticoterapia.
Osteomielite esclerosante difusa
Uma desordem óssea inflamatória idiopática
que demonstra por fim esclerose óssea sem supuração ou de presença de
sequestros ósseos, apresentam dor, inflamação e hiperplasia periostal dos ossos
gnáticos.
Características Clínicas: Ocorre
predominantemente em adultos, sem predileção por gênero, sendo que a região
posterior (área de pré-molares) da mandíbula é mais comumente atingida. Sua evolução
é lenta e assintomática podendo haver aumento de volume dos rebordos alveolares
. Dor nos períodos de agravamento da doença,
quando há, então, possibilidade de fistulação com drenagem de exsudato
purulento.
Radiograficamente: Revela radipacidade
difusa, mal-definida que tem sido descrita como “aparência em flocos de
algodão”
Características
Histopatológicas: Esclerose e remodelamento ósseo. Os canais haversianos
mostram-se largamente espalhados, e pouco tecido medular pode ser encontrado. O
osso necrosado é circundado por um tecido inflamatório subagudo, caracterizando
o sequestro ósseo.
Tratamento
: Eliminação dos focos de infecção
Osteomielite periostite
proliferativa
Características Clínicas:
Mais comum na
mandíbula, crianças e adolescentes são mais acometidos.
Causas: odontogênicas e não odontogênicas
Baixa virulência a alta resistencia. O uso de
antibiótico em dose baixa pode propiciar.
Característica radiográfica: Área de radiopacidade
mista, difusa com laminações ósseas radiopacas que se posicionam paralelamente
umas as outras e á superfície cortical subjacente: aspecto de “casca de
cebola”.
Características
Histopatológicas: Não tem necessidade de biopsia. Fileiras paralelas de osso
alveolar reacional e mallha interconectada de osso.
Tratamento:
Exodontia ou tratamento endondôntico e Antibiticoterapia.
Osteomielite esclerosante focal
É
um processo bastante comum, também denominado de “osteíte condensante”.
Características Clínicas:
Ocorre usualmente em crianças e adultos jovens sendo geralmente assintomático. Ocorre em maior frequência em pré-molares e
molares inferiores com comprometimento pulpar ou tratamento endodôntico inadequado.
Características radiográficas: Área radiopaca difusa,
uniforme, adjacente ao ápice de uma unidade dentária que apresenta aumento do
espaço pericementário ou lesão inflamatória periapical.
Lesões fibro-ósseas
benignas
Constituem um conjunto de lesões
benignas, intra-ósseas, não-neoplásicas, que se caracterizam pela substituição
de osso normal por tecido fibroso celular com conteúdo
calcificado, osso ou cemento, em quantidade e distribuição variada .
Classifica-se em:
1.Displasia Fibrosa
Substituição
do tecido ósseo normal por tecido ósseo-fibroso. Maior prevalência na maxila que
na mandíbula podendo recidivar após remoção cirurgica. (25-50%). Tende a
estabilizar com maturação óssea .
Causa:
Mutação no gene GNAS I
Aspectos
clínicos: Ossos do crânio comumente afetados. Assimetria facial de curso lento e
progressivo, indolor.
Manifestações
clinicas:
Monostótica:
quando envolve apenas um osso. 80% dos casos.
Poliostótica
(vários ossos)
Poliostótica
+ distúrbios endócrinos + manchas café com leite (Síndrome de McCune-Albright)
2.Displasia Cemento-óssea
FOCAL
|
PERIAPICAL
|
FLORIDA
|
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Sítio único
|
Região periapical
anterior da Md. Dentes vitais
|
Multifocal.
Posterior. Muitas vezes bilateral.
|
||
90% Mulheres
|
Focos múltiplos
anteriores ou foco solitário
|
90%: mulheres
negras
|
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Maioria Brancas
|
Maioria mulheres
|
Pode haver
expansão
|
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3ª-6ª década
|
70% negras
|
Pode ocorrer
exposição e sequestro ósseo.
|
||
Região posterior
de Md
|
4ª-5ª décadas
|
|||
3.Fibroma
Ossificante
Diagnóstico
diferencial com Displasia óssea focal
Origem: Pode
ser odontogênica, de ligamento periodontal ou não odontogênica.
3ª-4ª
décadas de vida, com predileção pelo Sexo F na região de Mandíbula > Maxila,
principalmente na região de M e PM.
LESÃO
CENTRAL DE CÉLULAS GIGANTES
(Granuloma
central de células gigantes)
•Etiologia
controversa: Neoplasia ou
reacional, com a maioria dos casos até 3ª década de vida.
•Comportamento
clínico : Lesões
Agressivas X Não agressivas
•F>M
•Mandíbula>Maxila
•Localização
controversa: - Região
anterior da mandíbula, podendo cruzar a linha média - Outros autores ressaltam
a região posterior como mais prevalente (OMS 2005).
Lesões
fibro-ósseas
Querubismo
O
Querubismo é uma doença óssea rara, não neoplasica, de caráter hereditário, que
acomete crianças com predileção pelo gênero masculino cujas características
clínicas são aumento da mandíbula e maxila de maneira bilateral e indolor, que
tende a progredir ate a puberdade, quando acontece o processo de remissão
espontânea. Encontrada
exclusivamente nos ossos maxilares, com predileção para a mandíbula. O tratamento para a doença depende do curso
clínico, porém não existe nenhum protocolo definindo qual é o melhor tipo de
tratamento para cada caso.
Sendo
assim, fica a critério do cirurgião-dentista avaliar o melhor procedimento para
seu paciente.
O quadro histológico do Querubismo
é clássico, composto basicamente de um tecido conjuntivo fibroso hiperplásico e
denso, composto de células benignas espinhosas, fibroblastos e proliferação de
células gigantes multinucleadas, onde ainda pode ocorrer discreta infiltração,
depósito de hemosiderina e aglomerado de pericapilares. Esse aglomerado é uma
característica considerada como sendo patognomônica do Querubismo, porém a sua
ausência não exclui o diagnóstico da lesão. As características histológicas do
Querubismo são semelhantes às das Lesões Centrais de Células Gigantes que por
sua vez são idênticas ao Tumor Marrom do Hiperparatiroidismo, entretanto,
parece que o estroma no Querubismo é organizado de maneira mais frouxa.
Ao exame radiográfico são
observadas múltiplas lesões radiolucidas e multioculares, raramente
uniloculares, de limites bem definidos, com expansão da cortical óssea de
maneira simétrica, dando aspecto de “bolha de sabão”.Em muitos casos é possível
observar deslocamento dental e impacção de dentes com aspecto de “dentes flutuando”
dentro das áreas radiolucidas. Freqüentemente o canal mandibular encontra-se
deslocado para baixo e os seios maxilares se encontram opacificados, condição que
volta ao normal quando a doença regride. Com a idade adulta, essas lesões se tornam
semi-mineralizadas e os ossos fica com aspecto de “vidro despolido. Radioluscências
multiloculares, mas com radiopacidade na fase madura, semelhante vidro fosco.
Osteoma
Tumor não odontogênico de etiologia
desconhecida. O crescimento é lento. Afeta quase exclusivamente o osso
membranoso do crânio e o esqueleto facial. O dos ossos faciais pode ser
periósteo ou endo-ósseo. A variedade perióstica pode surgir no exterior do osso
ou nos seios paranasais (sendo mais freqüente nos seios frontais, etmoidal que
nos seios maxilares). Estruturalmente distinguem-se 3 tipos de osteomas: de
osso compacto, de osso esponjoso e misto.
Maior ocorrência na mandíbula, principalmente
na face lingual do ramo mandibular ou no bordo inferior, por debaixo dos
molares. É mais freqüente em indivíduos maiores de 40 anos. A descoberta pode
ser dada por exame radiográfico de rotina ou por uma assimetria facial produzida
por formação óssea, dura à palpação. É indolor, e se muito grande prejudica a
função normal. O osteoma se fixa à cortical óssea por meio de um pedúnculo. A
mucosa que o recobre tem cor e mobilidade normais.
Características Radiográficas: Massa radiopaca
com bordos bem definidos, localizada em um seio paranasal ou na mandíbula. As
lesões mandibulares podem ser exofíticas, estendendo-se para os espaços dos
tecidos moles adjacentes e podendo ser observadas em radiografias panorâmicas,
periapicais ou extrabucais. As lesões compostas por osso compacto são
uniformemente radiopacas e as que contém tecido esponjoso apresentam
trabeculado interno.
Diagnóstico Diferencial: Embora os achados
clínicos e radiográficos sejam bem sugestivos de osteomas, podem ser
confundidos com lesões como: fibroma ossificante maduro, sarcoma osteogênico
precoce e condrossarcoma.
Tratamento: Basta realizar a excisão simples, já que os osteomas não recidivam após
a ressecção completa. O tratamento é indicado quando o osteoma produz algum
efeito fonético indesejável, quando ele impede a construção e o funcionamento
de uma prótese e por motivos estéticos.
Sindrome
de Gardner
Múltiplos osteomas
Múltiplos cistos epidermóides
Polipose
coloretal 20% apresentam supranumerários
Doença de Paget
Pode desenvolver neoplasia maligna: osteossarcoma e o fibrossarcoma.
Aspecto radiográfico: Combinação de imagens radiolúcidas e radiopacas, “bolas de algodão”, dispersas emfundo radiolúcido difuso. Perda lâmina dura, hioercementose nas raízes.
Cintilografia para avaliação geral do esqueleto
Reabsorção e
Aposição óssea anormais e descontroladas.
Causa desconhecida (Genética? Inflamatória? Endócrina? Viral?)
15-30% envolvimento familiar
Idade: > 40 anos
Sexo: M > F
Cor da pele: Brancos > Negros
Prevalência de 1: 100 a 1:500 indivíduos com mais de 45 anos.
Assintomática ou Sintomática
Monostótica ou Poliostótica
Ossos afetados: - Pélvicos,
vértebras lombares, fêmur, ossos do crânio.
Espessamento, aumento de tamanho e fragilidade dos ossos
Fases: osteoclástica
=> mista => osteoblástica
Fosfatase alcalina sérica elevada
Cálcio e
fósforo sérico normal
Aspecto radiográfico: Flocos de algodão
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